CRIANÇAS E JOVENS
… estas cartas têm uma pertença quase imaterial.


“… vocês não estão sozinhos…”
Vindos dos Açores, eu e a minha mãe saímos por volta das 8 da manhã e chegámos à Acreditar de Coimbra por volta das 5 da tarde. A Casa respirava alegria e conforto, o que no início parecia estranho para quem chega a uma casa que acolhe pessoas com uma doença tão difícil como o cancro, mas rapidamente o sorriso das outras crianças e dos magníficos voluntários me fez sentir como se nada se passasse.
(…)
Estive internado no Hospital Pediátrico de Coimbra durante 15 dias onde a música do John Legend “All of Me” passava repetidamente mas de um modo calmo e que confortava, trazendo-me boas memórias deste tempo e, claro, com a Acreditar sempre no coração, sendo que atenciosamente me disponibilizaram um computador para “não ser tão secante”.
Passou rápido, a Acreditar está sempre presente comigo, e não há um dia em que eu não pense que sem esta Associação, que dá sem querer nada em troca, a minha vida não era como é.
Quero apenas dizer a todos os que passaram, passam e que hão-de vir a passar por aquelas portas: vocês não estão sozinhos, aquela grande família sofre e ri convosco, aquela família apoia-vos de todas as maneiras que possa e não quer mais do que o vosso sorriso.
Agradeço imenso à Acreditar por ter mudado a minha vida e por me ter dado a oportunidade de escrever este texto.
Obrigado.
Luís, Barnabé

“Eu tinha 4 anos, uma idade de ingenuidade e de beleza e a doença quis aparecer…
Eu tinha 4 anos, uma idade de ingenuidade e de beleza da vida e a doença quis aparecer, sem pedir autorização. Na altura, digo eu agora quase a completar 17 anos, não prestava a devida atenção à doença, mas até penso que fazia bem, porque, afinal, não queria manter uma relação muito longa com ela. Compreendo que a situação tenha sido muito mais preocupante para a minha família, principalmente para os meus pais e irmãos.
No entanto, eu lembro-me daquela estranha sensação de alguma coisa não estar bem e ainda tenho a imagem da minha mãe sentada num sofá a chorar (…). Acho também interessante o facto de eu não me lembrar de pensar muito em como podia ser a minha vida sem a doença, poder passar sem ela, sem ter que estar num hospital, e nem mesmo agora vejo a minha vida sem a ter comigo…
Gostava quando se aproximava o Natal, uma vez que era sinal de festa organizada pela ACREDITAR. Essa era uma sensação muito boa, que ainda se mantém, tudo isso dava uma luz diferente à doença e eu sentia-me bem. Sentia que fazia parte de uma família que não podia ver o cancro como algo ameaçador, mas como qualquer coisa que vive connosco e que se vai acompanhando, inspeccionando.
Parabéns à ACREDITAR.
Ana Sofia, Barnabé

“Sou Barnabé e com muito orgulho, não só de mim mas também…”
Foi há 6 anos que entrei no Hospital de S. João e que me foi diagnosticado um tumor no cérebro.
Tive logo que ser internada e, desde esse momento, a Acreditar esteve ao meu lado.
A primeira voluntária que conheci era uma senhora já com alguma idade, contava-me muitas histórias da sua infância. Enquanto ouvia as histórias lembrava-me das brincadeiras com os meus irmãos e as saudades passavam.
Até hoje a Acreditar faz parte da minha vida. Sou Barnabé e com muito orgulho, não só de mim mas também de todos os outros Barnabés, porque acho que somos uma força da natureza.
Estou desejosa é de ser voluntária na Acreditar, para fazer tudo aquilo que os voluntários fizeram por mim: distribuir carinho, abraços e, acima de tudo, muita alegria por todas estas crianças, tal como fizeram por mim.
Só quero agradecer à Acreditar por tudo o que fizeram por mim e pela minha família. Gostava de um dia poder agradecer todos estes actos de bondade.
Maria Alberta, Barnabé